O câncer, como fenômeno biológico e social, imerso em relações que envolvem políticas, instituições, saberes, práticas e representações, demanda a abordagem das diversas disciplinas que compõem as ciências sociais. Nesse sentido, os estudos históricos se apresentam como ferramentas importantes para a compreensão da trajetória e mesmo dos aspectos contemporâneos da doença, podendo contribuir para a ampliação e o aperfeiçoamento de iniciativas e programas no âmbito das políticas públicas de saúde.
Em 2007, a Casa de Oswaldo Cruz deu início aos estudos sobre a doença a partir de um projeto em parceria com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). A iniciativa visava a produção do livro "De doença desconhecida a problema de saúde pública: o INCA e o controle do câncer no Brasil", em comemoração aos 70 anos de criação do Instituto. A partir da pesquisa realizada para a publicação, iniciou-se uma linha de investigação no Departamento de Pesquisas em História das Ciências e da Saúde, direcionada à História do Controle do Câncer no Brasil. Entre suas principais ações, destaca-se a organização de um número especial da Revista Manguinhos, com trabalhos realizados pelo grupo, a publicação de artigos sobre o tema em periódicos nacionais e estrangeiros de boa repercussão e a intensificação das parcerias com pesquisadores e instituições estrangeiras dedicadas ao tema. A expansão dessas pesquisas foi favorecida pelo aporte de agências financiadoras, como a Faperj e o CNPq.
A parceria com o Inca se ampliou em 2011, com a criação do Projeto "História do Câncer – atores, cenários e políticas públicas", que tem como principal objetivo produzir conhecimento histórico sobre a trajetória do controle do câncer no Brasil e contribuir para a valorização e preservação do patrimônio cultural produzido pelas instituições relacionadas ao controle da doença.
O projeto se articula ao esforço mais geral da Fiocruz de ampliar suas ações no campo das doenças crônico-degenerativas e negligenciadas. Além disso, visa contribuir para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo ao produzir conteúdos pertinentes à formação de recursos humanos para a Rede de Atenção Oncológica e integrar-se a uma rede de produção de conhecimentos e tecnologias em parceria com o Instituto Nacional de Câncer. Por fim, deve ser visto como uma contribuição ao campo da história das ciências e da saúde, em particular ao campo da história das doenças.
Pesquisa histórica
Sob a perspectiva da história social das doenças, da história das políticas públicas e da história das instituições e grupos profissionais são realizadas diversas investigações, voltadas especialmente para o controle dos cânceres femininos no país. O resultado dos trabalhos desenvolvidos são publicados em artigos em periódicos científicos indexados e em livros autorais.
Pesquisa documental
Pesquisa de fontes primárias relevantes para a melhor compreensão das ações de controle do câncer e da história do câncer no Brasil. Através de pesquisas em bibliotecas, arquivos institucionais e pessoais, museus e centros de memória são identificados e, em determinados casos obtida a guarda, e após organizados esses documentos, constitui-se um acervo sobre a memória do câncer no Brasil.
Pesquisa iconográfica
Pesquisa imagens das campanhas, das instituições e dos personagens relevantes para as ações de controle do câncer e da história do câncer no Brasil. Por meio de pesquisas em bibliotecas, arquivos institucionais e pessoais, museus e centros de memória são identificados e organizados esses documentos, para constituição de um acervo iconográfico sobre a memória do câncer no Brasil.
História oral
Registra os depoimentos de personagens importantes para a história do controle do câncer no Brasil. As entrevistas, gravadas em áudio e vídeo, representam uma fonte inestimável para o resgate e preservação da memória dos principais atores, instituições e política públicas desenvolvidas ao longo das décadas sobre o controle do câncer.
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