Durante a "Semana Nacional de Combate ao Câncer", a Casa de Oswaldo Cruz promoveu o Seminário Internacional "Câncer, mulheres e saúde pública: diferentes olhares", em que pesquisadores das ciências biomédicas e humanas apresentaram panoramas históricos e contemporâneos sobre a doença, centrando a objetiva no câncer do colo do útero.
Atualmente, o câncer provoca o maior índice de mortes no mundo: a expectativa é de que, em 2020, 16 milhões de pessoas devem contrair a doença. No Brasil, o câncer chegou ao segundo lugar no ranking de mortes, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares: o número de casos novos em 2010 deve alcançar 489.270.
A doença se manifesta sob a forma de mais de uma centena de tumores malignos distintos. Os mais freqüentes são o câncer de mama feminina, para o qual a estimativa é de 49.240 novos casos em 2010 no país. O do colo do útero aparece logo em seguida, com a previsão de 18.420 casos este ano.
A despeito das estratégias de controle e combate, os índices ainda são impressionantes em algumas regiões do país — especialmente Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os participantes do Seminário tiveram acesso aos dados estatísticos sobre a evolução do câncer do colo do útero, desde o início das campanhas de controle nos anos 1970s, na apresentação do professor titular de ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Luiz Carlos Zeferino.
O epidemiologista Cláudio Noronha, responsável pelas ações estratégicas do Inca fez um panorama da situação atual e apresentando os desafios enfrentados por profissionais da saúde vinculados ao Programas Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero. Apenas na prevenção e no controle, o Ministério da Saúde vai investir R$ 115 milhões.
O plano foi elaborado por um grupo de trabalho criado no início de 2010 pelo Ministério da Saúde. A ideia é intensificar em cinco eixos as ações deste Programa Nacional, que visa o controle do câncer do colo do útero. Vale destacar a proposta de fortalecer o rastreamento organizado na atenção básica (Programa de Saúde da Família e Postos de Saúde) e a gestão descentralizada do programa de rastreamento, bem como garantir a melhoria na qualidade do exame citopatológico.
Outras frentes em que o programa de controle vai aumentar o controle: encontrar formas de garantir o tratamento adequado das lesões ainda na fase inicial da doença; intensificar as ações de combate à doença na região Norte, onde é a principal causa de morte entre as mulheres.
Os participantes do seminário internacional assistiam também, a palestras de três pesquisadoras estangeiras: doutora em biologia e historiadora das ciências e da medicina, Ilana Lowy falou sobre o câncer de colo do útero como doença transmissível, mostrando a evolução dos estudos históricos e as controvérsias sobre as causas, ao longo dos tempos: nos meios médicos perguntava-se se o problema surgia por melancolia, tristeza, muito sexo, pouco sexo, pobreza, ter muitos filhos ou poucos filhos.
No século 20 chegou-se à conclusão que entre as causas estão os traumas no parto, as baixas condições de higiene, o atendimento médico inadequado ou inexistente, a transmissão sexual, por homens que tiveram muitas parceiras. Descobriu-se que mulheres portadoras do vírus HPV correm o risco de adquirir o câncer cervical. Os índices da doença são mais altos entre mulheres pobres por que têm tratamento inadequado.
Yolanda Eraso, Luiz Antônio Teixeira e Ilana Lowy. Foto Vinícius Pequeno (COC) |
Os intercâmbios e o desenvolvimento das técnicas de diagnóstico no Brasil e na Argentina foi o tema da palestra de Yolanda Eraso. Ela trabalha com o discurso médico e analisa as iniciativas públicas e filantrópicas na luta contra o câncer da mulher argentina.
A última apresentação foi de Sahra Gibbon, que estuda o desenvolvimento da genética relacionada com o câncer de mama. Ela apresentou resultados parciais de uma pesquisa que vem desenvolvendo no Sul do Brasil.
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